Quantos filmes existem em O Homem de Aço (Man of Steel, 2013) ?

Gostar de O Homem de Aço (Man of Steel, 2013) vai depender muito do gosto pessoal e da visão de cada um a respeito do Superman. Quem foi nascido e criado com os filmes de Christopher Reeve, inevitavelmente vai se perguntar se esse filme foi uma revitalização da franquia ou um desespero coletivo entre os envolvidos na produção, seja DC Comics , Warner Bros e a Legendary Pictures na tentativa de alcançar a Marvel algo que abordei na matéria: E agora DC Comics? 

Sempre que acontece um reboot, começa também um mimimi com vários tipos de criaturas tentando desmoralizar os filmes feitos anteriormente. Nem Christopher Reeve escapa pejorativos como ridículo, abobalhado e efeitos toscos são os argumentos dessa manada acéfala. Já aconteceu com a franquia James Bond, Batman (neste caso merecia) e agora Superman. Pelo menos aqui não se criou os mesmos absurdos do reboot da franquia 007. 

Então vou dar logo um pé na porta e dizer que o Superman de Christopher Reeve e Richard Donner não foi superado. Tudo que foi feito em Super-Homem (1978) e Superman II (1980) continuará intacto na memória de quem teve o prazer de ver esses filmes quando eram inéditos. O primeiro filme recebeu o Oscar de melhores efeitos visuais, lógico que alguns efeitos visto hoje estão datados, mas muitos convencem até hoje. Os filmes que vieram sem Richard Donner como Superman III (Superman III, 1983) e Superman IV: Em Busca da Paz (Superman IV: The Quest for Peace, 1987) realmente são loucuras de mentes bem insanas, o último filme tinha a produção de Yoram Globus e Menahem Golan por aí você já tem uma idéia.

Muitos reclamam que os filmes anteriores sobre Superman não tinham ação, mas ninguém tenta analisar que a ação nos filmes do Superman foi evoluindo ao longo dos anos, conforme a tecnologia disponível em cada época respectiva. Hoje temos toda a tecnologia disponível com idéias zero.

 Com O Homem de Aço (Man of Steel, 2013) existia um medo do personagem não se encaixar mais no tempos atuais, e isso acabou criando um filme que tenta ser tão gigantesco, tentando superar a tudo e a todos, que acaba virando um passatempo inconstante de 2 horas de duração. Capitaneado pela dupla Zack Snyder e Christopher Nolan não se podia esperar nada menos do que algo com proporções épicas e mania de grandeza. 

O filme tem algumas boas idéias mas sofre mais com problemas do que com acertos. E como mania de grandeza alcança a todos o Jor-El de Russell Crowe não é o Marlon Brando, mas age o filme todo, como se fosse melhor do que ele. E realmente o ponto mais fraco e enjoativo do filme é a presença de Russell Crowe, será que não tinha nenhum outro ator melhor para o papel?. Sendo que todos os outros atores se saíram muito bem, com o pouco que tinham. Como Jonathan Kent, vivido por Kevin Costner que acabou sendo a presença mais marcante do filme, um trabalho irretocável de Costner.

Outra presença de destaque fica com a frieza da atriz alemã Antje Traue que interpreta Fajora-Ul, sendo uma vilã muito mais perigosa do que o General Zod vivido pelo ator Michael Shannon. E com isso eles acabam perdendo uma atriz que poderia ser a Mulher Maravilha nos cinemas. No filme certos movimentos digitais da personagem Fajora-Ul com toda a tecnologia de hoje acabaram ficando ridículos e isso é preocupante, será que é assim que vamos ver o Flash se mover se houver filme da Liga da Justiça? 

E vamos ser sinceros esse Zod não põe medo, ninguém vai ajoelhar perante esse Zod. O filme também é um festival de gritos e grunhidos. Existe também uma perda de tempo filosófica tentando fazer ligações do Superman e religião, que acabam desvirtuando a história. 

Mas existem coisas boas, se vê um esforço dos atores no meio dessa montanha russa de efeitos digitais. O Clark Kent vivido pelo ator Henry Cavill ainda está sendo moldado, mas o ator se saiu muito bem e deve fazer muitas mulheres suspirarem e voltarem ao cinema. E imaginar que esse ator não foi aceito para ser James Bond para colocarem lá aquela mistura de Herson Capri com o Didi Mocó. 

 A Lois Lane de Amy Adams é convincente e a forma como é criada a ligação dela, com Superman é uma das melhores idéias do filme. Mesmo sentindo falta daquele toque narcisista da Lois Lane interpretada por Margot Kidder. Amy se sai bem, mas porque é tão difícil uma Lois Lane de cabelos pretos?. 

A produção pode errar em vários pontos, mas observem como eles colocaram um close da câmera Nikon D3S tão bem encaixada no contexto da história. Os diretores de hoje em dia estão cada vez mais indo pela máxima: "Nada se cria, tudo se copia" e O Homem de Aço (Man of Steel, 2013) é o ápice desse termo. Os envolvidos na produção tentaram criar algo maior do que tudo já feito. Tentaram criar todos os filmes dentro de um só. São conceitos de design reaproveitados de vários filmes, cenas, idéias, referencias, ou até mesmo cara de pau. 

Então vamos ver quantos filmes existem dentro de O Homem de Aço (Man of Steel, 2013) começando com: 

- Alien - O 8º Passageiro (Alien, 1979): As cenas que envolvem Krypton, reaproveitam vários filmes, além de longas demais tentam roubar o design surrealismo e a arte fantástica de H. R. Giger da série Alien, a cena de nascimento de bebê Kal-El em certos momentos parece realmente que vai nascer um alien!!!...Se bem que Superman é um alien. 

- Avatar (2009): Continuando a longa tour desnecessária por Krypton se não bastasse o cenário, Jor-El de Russell Crowe tinha que cair em uma criatura voadora, só faltou ela ser bem colorida, mas aqui também se vê resquícios de outro filme John Carter: Entre Dois Mundos (2012) 

- Matrix (1999): Já são 3 filmes só na parte de Krypton, não foi o bastante copiar os dois filmes acima, tinha que haver aquela criação de bebês submersos por onde Jor-El mergulha. 

- Homem de Ferro (Iron Man, 2008): Não podia faltar a tentativa de alfinetar a franquia da Marvel, e ainda estamos falando de Krypton, quando Jor-El veste a armadura para enfrentar Zod só ficou mesmo faltando o barulhinho dos propulsores de Tony Stark. Mas saindo de Krypton quando Superman começa a aprender a voar e consegue, aquela risadinha repetindo a cena do primeiro vôo de Tony Stark deve ser só coincidência não? 

- A Cela (The Cell 2000): Pode ser exagero meu, mas aquela rainha de Krypton está com um figurino da Jennifer Lopez? 

- A Identidade Bourne (The Bourne Identity, 2002): Se não bastasse o reboot de James Bond estar sempre copiando Bourne agora é a vez do escoteiro azul. É sério mesmo?, a cena onde Superman cai da plataforma em chamas recorre as mesmas cenas de quando Bourne é encontrado no mar?. Sem falar que isso já é um clichê recorrente a tempos.

- A Coisa (The Thing, 1982): Vamos dar um descanso, essa eu gostei. Pode até ter sido involuntária mas as cenas no ártico são uma boa referência ao mestre John Carpenter, e sua obra A Coisa, sem falar que Superman encontra um Kryptoniano morto na nave e uma outra escotilha aberta, alguém sobreviveu. Nossa Jesus era Kryptoniano!!!!. Mas eu prefiro que seja a Supergirl!!..rs. Sem falar que é nessa cena onde eles conseguem dar aquele close na câmera Nikon D3S. As cenas do ártico são bacanas só faltou mesmo aparecer a agente Dana Scully ...ops !!!! 

- Twister (1996): Nem a obra de Jan de Bont ficou de fora, e onde acontece uma das cenas mais marcantes do filme com Kevin Costner, para quem ainda não viu o filme fica a dica. Podem ficar tranqüilos que mesmo havendo um tornado não tem a vaca voadora.

- Guerra dos Mundos (War of the Worlds, 2005): Agora foi a vez de uma cutucada em Steven Spielberg. A cena de ataque a Metrópolis onde Tom Cruise agora é substituído pelo novo Perry White vivido por Laurence Fishburne que fica todo empoeirado com aquele olhar aterrorizado vendo os "Tripods" Kryptonianos ou seria A Origem (Inception, 2010) !!!.

- X-Men (2000): Clark Kent vagando sem destino como caroneiro pelo interior dos Estados Unidos com barba por fazer e mal vestido, não deve ser nenhuma referencia a um canadense com garras de Adamantium.

- Transformers (2007): Este filme seria o orgulho de Michael Bay, a quantidade de destruição arbitrária foi elevada ao máximo, pode se dizer que os 3 filmes dos Transformers foram recriados aqui. Todo mundo queria ver esse tipo de luta, mas o excesso e descontrole chegaram no limite, momento clássico dessa luta?. Por incrível que pareça é quando ela acaba mesmo. 

- Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008): Algo mais irritante que copiar os outros é o auto plágio. Depois dizem que Nolam era só produtor, a cena quando Zod chega a terra e diz "A Kal-El eu digo: Entregue-se em 24 horas ou assista às conseqüências", Não tem nada mais Coringa do que isso, entreguem o Batman!!!. Outra coisa esquisita pode parecer paranóia mas a voz do Zod não soa meia estranha?. A voz do ator Michael Shannon (Zod) é assim mesmo?. Bane Zod deixa para lá, não deve ser.

- Superman II (1980): Essa cena eu adorei, os momentos Richard Donner do filme e vamos colocar as cartas na mesa O Homem de Aço (Man of Steel, 2013) não é um reboot é uma refilmagem de Superman II, querendo ou não. Quando o Clark Kent de Christopher Reeve resolve abrir mão de seus poderes para poder viver com Lois Lane, existe a famosa cena de bar, onde ele sem seus poderes tenta defender Lois Lane de um caminhoneiro folgado e leva uma surra do sujeito. 

E agora em O Homem de Aço (Man of Steel, 2013) o Clark Kent de Henry Cavill também é humilhado por um caminhoneiro num bar. Infelizmente o desfecho da cena é muito sem graça. Já o desfecho da cena de Christopher Reeve é maravilhosa, depois de seus poderes restaurados ele volta nesse mesmo bar e dessa vez da uma lição no sujeito. Aquela frase que ele diz para o dono do bar justificando sua força é impagável. "É que eu andei me exercitando senhor". É uma cena insuperável.

Sem falar no mata leão no Zod que acontece nos dois filmes e mais duas cenas. Engraçado não vi até agora ninguém citando esses momentos Richard Donner em nenhum site incrível. O que falta ao novo Superman era a humanidade e altruísmo que a interpretação de Christopher Reeve tinha, ele vinha de outro planeta sim. Mas seus valores e espírito humano eram muito maiores do que os dos próprios seres humanos. 

Finalizando, os erros que acontecem em O Homem de Aço (Man of Steel, 2013), não são culpa do elenco mas vem desse desespero perante a Marvel. A prosposta desse novo Superman é um realismo exacerbado. O filme tenta ser tão realista, mas tem medinho de mostrar as conseqüências e a quantidade de pessoas mortas dessa batalha entre Zod e Superman. A batalha dos dois é um show de quebra prédios mas sem idéias bacanas, parecendo mais um showreel de efeitos especiais sem rumo. A visão passada pelos envolvidos no projeto é que Superman nada mais é do que uma ameaça alienígena e perigosa. Uma situação que deve ser ainda mais explorada no próximo filme. O filme poderia ter sido melhor se não houvesse essa aflição de superar o que a Marvel faturou nos cinemas. Todos aguardamos ansiosos pelo filme da Liga da Justiça, e o novo Superman fica sendo apenas o início da fase 1 da DC Comics.

 A única coisa que o filme pode se vangloriar é que foi muito melhor que a reinicialização de Bryan Singer, e seu Superman - O Retorno (Superman Returns, 2006). Com exceção de Russell Crowe, este novo filme tem um elenco muito melhor. Merece ser visto, se tivesse que dar nota seria um 6,5 quando sair em Blu Ray  é um filme que não faço questão de ter na coleção. Tanto que nem os próprios realizadores do filme, acreditam que Superman seguraria outro filme e fizeram o mesmo que o Coringa. Me tragam o Batman!!!!!!.....rs

E se os leitores do Neuralizador Digital acharam outras cenas que foram copiadas de outros filmes mande sua sugestão pelo facebook.

Já ia me esquecendo da trilha sonora de Hans Zimmer, que tinha a tarefa muito ingrata superar John Williams, não preciso nem dizer que a trilha passou em branco, para Hans tem esse trailer aqui: